A lua
me desnuda
me estuda
micróbio indefeso em lâmina de microscópio
observado analisado anotado relatado
por um olho branco distante de cientista insensível estéril em luva jaleco
A lua
fria crua
me cozinha
em fogo brando de solidão mal-dormida
de paixão não vivida entre lençóis em cama de solteiro
e caminhadas insones por quartos corredores cozinhas banheiros
A lua
pura dura
me censura
Uma nuvem cúmplice amiga me esconde
mas a efêmera fútil ilusão de segurança se desfaz
com o vento cruel que me devolve a luz que nego sem tempo de fugir esconder
A lua
diferente
não mais indiferente?
Retorna me toma envolve revolve
protege conforta afaga abraça
súbito é mãe filha amiga amante mulher tantas que não resta espaço
Para cientista cozinheiro censor solidão.
(Guarajuba/Salvador, julho-setembro de 2004)
Um comentário:
gostei!
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