terça-feira, agosto 30, 2005

Brumas

vejo o mundo como se estivesse sonhando
como se tudo estivesse lá
mas não fosse resistir a um toque meu
como se o que tenho diante de mim
fosse uma tela frágil que se partiria com um sopro
ou como um castelo de areia que na próxima maré
será como se nunca tivesse existido
exceto na memória de quem o fez

penso que não estou aqui onde creio
mas num filme antigo que por mais queiramos
não esquecemos que vai acabar quando as luzes se acenderem
e teremos que voltar ao mundo real de sempre
com suas alegrias e dores e problemas
(mas e onde está esse mundo real
que eu devia encontrar quando isso acontecesse?
isso é o que nada nem ninguém me querem dizer)

caminho por uma ponte de vidro
que pode se partir a qualquer instante com meu peso
e assim desfazer essa ilusão insensata
sinto vontade de partir esse chão e gritar bem alto
para atrapalhar todos os atores que me rodeiam
e nm que por um instante fazer com que me vejam
com que se vejam e reconheçam que onde estamos
é só um cenário pintado num biombo

tudo isso me faz sentir real
como se fosse eu a realidade ao invés do que me cerca
mas até a arrogância infantil desse pensamento se desfaz
e vejo a verdade que preferia desconhecer
que o que está fora do lugar e é irreal e sonho
não é esse mundo ilógico e frio como metal
não são essas pessoas sem firmeza e sem vida
mas eu que espero demais querendo alma onde não pode haver.



(Salvador, 29 de agosto de 2005)

Um comentário:

Anônimo disse...

eu adorei esse texto, tem muito de minha forma de pensar nele
bjs